quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Desfralde 3 de 3.... e como tudo pode ser diferente e muito mais leve




Fui dar uma olhada na última postagem... caramba... faz muito tempo...!!!! huahuahuahuahu
Mudei muito de lá pra cá... muita coisa aconteceu, muitos pensamentos mudaram, comportamento, escolhas... Foi um ano de muito estudo, de muita leitura, de muita introspecção e revisão de comportamentos.
Só que a gente luta pra não mudar. Fazemos uma coisa de um jeito, e dá certo! Achamos que dará certo em todas as vezes e para todos os filhos, né? Tolinhxs que somos...!!!
Hoje eu vou contar sobre o desfralde dos gêmeos e o desfralde da não gêmea (ainda não consegui encontrar um termo pra definir...)

Gêmeos:

Existe um pensamento comum e muito difundido que o bebê deve ser desfraldado aos 2 anos (ou perto disso) e no verão. Mas, a Catarina nasceu em dezembro, e os meninos tinham 1a8m. Com um bebê recém nascido no colo, honestamente, não me restava tempo nem força física e mental de desfraldar criança nenhuma, quanto mais, duas. Fingi que não era verão e que não tinham quase dois anos (como reza a crença popular) e nem tentei desfraldar. Deixei rolar apesar dos comentários "mas esses meninos ainda estão de fralda?" Sempre com aquela resposta típica de uma puérpera bocuda e mau criada: "sim, porque? queres vir aqui limpar xixi e cocô do chão pra mim? fica a vontade"... Eu sei, delicadeza nunca foi uma qualidade.
Quando eles tinham 2a5m deu um veranico num feriadão de 7 de setembro, e eu achei que já estava pronta pra iniciar o desfralde. Pensei que seria uma coisa muito complicada e difícil. Li algumas coisas em grupos de mães de múltiplos e tomei coragem!
Já tínhamos um peniquinho e eu decidi que ele ficaria no meio da sala, onde eles brincam, pra não correr o risco de eles fazerem no trajeto até o banheiro. Comprei duas cartolinas, dois carimbinhos, muitas cartelas de adesivos e avisei a eles que eles já eram moços e usariam cuequinhas como o papai. Nas cartolinas eu escrevi o nome deles (uma cor para cada um) e anotei os dias da semana. A idéia era fazer um carimbo para cada xixi no penico e uma estrela dourada para cada cocô, além de um adesivo no penico para cada xixi também, criando uma espécie de competição por adesivos.
A cartolina do Miguel era verde, e o peniquinho também era verde. A cartolina do Henrique era azul e só tinhamos um penino verde. Miguel entendeu muito bem a idéia da coisa e passou a fazer mil vezes xixi no penico, duas gotas por vez, para ganhar mais adesivos e carimbos. Mas o Henrique se confundia e eu percebia que era em função das cores dos cartazes. Comprei um penico azul para ele (como o cartaz) e pronto. Xixis e cocôs no penico, várias vezes, para ganhar muitas estrelas douradas. O feriado era sexta feira. Ficamos neste processo de sexta a segunda feira. Na terça feira os mandei pra escola com adesivos, carimbos e estrelas douradas. Houveram alguns deslizes mas posso dizer que em uma semana os escapes cessaram e o desfralde estava concluído (mantendo a fralda noturna até por volta dos 3 anos).



Muito exibida que sou, ensinei a "técnica" para várias amigas e a maioria com sucesso.
Achei eu, que seria assim fácil com a Catarina também. Iludida.
Catarina:
Catarina fez dois anos em dezembro. Verão. Sabedoria popular: desfralde perfeito.
Ledo engano.
Quando iniciaram as férias eu conversei com ela e combinamos de não usar mais fraldas. Ela já tinha um peniquinho rosa e ainda tinha o peniquinho dos irmãos (que já usavam o vaso mas o peniquinho ficou). Comprei cartolina, comprei adesivos, repeti todo o roteiro. Catarina acertou durante os quase três meses das férias, uns cinco xixis no penico e nenhum, neeenhum cocô completo. Ela andava pelada (sem calcinha nem nada) pela casa e pelo quintal. E até na beira do mar. Ela fazia xixi de pé (como os irmãos). Fazia cocô na grama. Fazia tudo a prestação e não acertava quase nunca. Eu me descabelei, eu briguei, eu xinguei, eu fui muito grosseira, eu gritei demais, eu chorei absurdos pelo meu fracasso. Porque ela não conseguia, meu Deus? Fui passar uns dias na casa de praia de uma tia. Tinha xixi e cocô da Catarina por todos os cantos, mas ela não aceitava de jeito nenhum a fralda. Morri de vergonha. Insisti o verão todo, me desgastando, desgastando minha filha e nossa relação. Insisti uma semana depois do retorno às aulas. Nenhum acerto. Todos os dias roupas molhadas. Até que eu desisti. Sentei e conversei com ela, dizendo que finalmente tinha entendido que ela não estava pronta e que a respeitava e respeitava seu tempo. Colocamos a fralda e ficou acertado que ela faria o próprio desfralde porque eu já tinha me estressado demais e que não gastaria nem mais 10 minutos da minha vida ensinando a usar o penico ou vaso e que se ela quisesse, usaria fraldas até os 18 anos (coisa que eu sabia que não iria acontecer, né?). Sim, eu estava cheia de mágoa e raiva por não ter conseguido.
Li muita coisa sobre desfralde nesse tempo e uma das coisas que eu aprendi é que, por volta dos dois anos a criança passa a verbalizar "xixi e cocô", mas não quer dizer que esteja pronta para controlar. Ela simplesmente entende que aquele processo tem nome e a perceber as mudanças do seu corpo, mas não consegue controlar. Esse controle acontece em momentos diferentes para cada criança. Algumas controlam com 3 anos, outras com um pouco menos e outra com um pouco mais.
Há mais ou menos 1 mês, minha filha teve uma otite. Teve febre e precisou ficar em casa para ser medicada e poder se recuperar bem. Estava calorzinho e ela passou a segurar o xixi por tanto tempo que quando ia fazer, a fralda não segurava e vazava a roupa toda. Percebi isso por um dia todo e perguntei a ela se ela queria não usar mais fralda. Decidimos que no dia seguinte ela usaria calcinha. Mas entre o lugar onde ela brinca e o banheiro, para uma criança apurada, tem uma certa distancia. Ela acabava sempre fazendo em frente ao vaso. Nem sei onde andam os penicos que ela tinha então comprei um novo. Simplesmente coloquei no cantinho da sala. Não comprei cartolina nenhuma, nem carimbo nenhum, nem adesivo nenhum. Não fiz estrelinhas douradas e não fiquei perguntando de 10 em 10 minutos se ela queria usar o peniquinho. Eu sequer a acompanhei ao penico nenhuma vez. Simplesmente colocamos o penico no canto, mostramos a ela e pronto. Ela passou a usar. Ela vai sozinha, tira a roupa, faz xixi, vai se secar no banheiro, joga o xixi fora, dá descarga, sobe as roupas e se veste. Sozinha. Não deixa sequer que eu a seque. A única coisa que ela me permite fazer é limpar o bumbum, por enquanto.
Na semana seguinte a mandei pra escola. Não houve um único escape até agora. Nem em casa, nem na escola. Nenhum cocô fora de lugar e nenhum xixi na roupa. Nada, nenhum. E eu não fiz nada. Simplesmente deixei que ela ditasse e dissesse o momento em que estava pronta. E respeitei seu momento. Ela só aceita colocar a fralda para dormir na hora em que está indo pra cama, não sem antes fazer o último xixi no peniquinho (ou vaso, depende da vontade do momento). Vamos a supermercados, shopping, casa de amigos, e ela pede pra ir ao banheiro tranquilamente. Se é na casa de amigos, ela percebe onde é o banheiro e antes que eu a leve, ela já foi, e já volta com a roupa toda torta, mas de bexiga vazia.
Estou contado essa experiência porque o desfralde é um passo importante para a criança e para a família. Trás uma nova fase e uma nova consciência corporal para a criança, trás uma autonomia muito grande e precisa ser uma fase vivida com respeito ao tempo de cada um. Quantas crianças conhecemos que tem problemas de prisão de ventre por conta de um trauma no desfralde? Quantas precisam usar supositórios e tem dificuldades até a vida adulta?
Eu estava me encaminhando para isso com a Catarina, até que decidi retroceder e entender que os filhos não são robôs que fazem as coisas quando achamos que devem fazer, mas quando estão prontos para fazer.
E que quando estão prontos, eles mesmos tomam a decisão e fazem, sem que precisemos intervir.
É só observar e respeitar.

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